sábado, outubro 09, 2004

Caviacultura em Portugal

Este post tem por missão relatar as conclusões da minha participação na PetFil 2004 como membro do CAPI e fazer um breve resumo das opiniões que nos foram trasmitidas por todos os visitantes. Foi uma primeira experiência que devido aos nossos meios limitados penso que correu bastante bem. A nossa experiência em eventos do género era nenhuma e devido a isso também não podíamos ser demasiado ambiciosos. A ideia era mesmo divulgar os Porquinhos-da-índia como animal de estimação e informar sobre a forma como devem ser tratados. Quando se houve falar em Criação de Porquinhos-da-índa de Raça e se constata que a maioria das pessoas que vêm ter connosco ainda os olha como animais de galinheiro de fraca qualidade que servem apenas para espantar ratazanas algo vai mal. Penso que os Porquinhos não se podem confinar a uma elite de meia dúzia de pessoas e que quanto mais informação e trabalho de campo houver, o nosso pequeno amigo será mais olhado como um animal de estimação comum, afectuoso e de fácil tratamento. O problema é mais grave quando 8 em 10 pessoas não sabem o que é um Porquinho-da-índia e apenas uma percentagem ínfima viu um de pêlo comprido, chegando a perguntar mesmo se não é um animal diferente. Houve mais pessoas a identificá-los como Hamsters,Coelhos,Ratos ou Chinchilas do que como Porquinhos ou Cobaias. Não se pode criar porquinhos, mesmo de raça e depois serem adquiridos por pessoas que não sabem como hão-de ser tratados. A nossa conclusão é que existe um deficit muito grande de "Caviacultura" em Portugal e que há um longo caminho a percorrer. A maioria das pessoas queixavam-se que são animais de curta duração, que arranjam problemas de saúde muito facilmente ( muitas pessoas queixaram-se que morrem muito depressa) e que não existe interesse do ponto de vista dos veterinários e por vezes conhecimento na forma de tratamento. Penso que de facto este é um problema importante, pois enquanto não houver na classe veterinária um interesse generalizado em aprender formas de intervenção quando os nossos amigos ficam doentes não é possível tê-los como um animal de estimação de qualidade. Ainda bem que estão a surgir novos veterinários com uma mentalidade diferente e mais aberta, alguns já com algum grau de experiência em Porquinhos-da-índia, é pena é ainda serem muito poucos. É preciso passar a ideia que o nosso amigo não é mais dificil de tratar do que um cão e um gato e pode ter uma longevidade tão grande como estes se for tratado adequadamente, de forma que opiniões como estas : - "Ai, já tive muito disso mas morrem tão depressa" ou - "Comprei na loja e ao fim de poucos dia morreram" ou - "Morrem assim de repente" que foram o que mais se ouviu no futuro não tenham tanta expressão. Ainda existe muito a fazer em informar as pessoas para problemas como a necessidade de terem sempre feno disponivel e alimentos ricos em Vitamina C, que são dois aspectos básicos mas muitas vezes desconhecidos. Outro das queixas que se ouviram foi que criam muito depressa e depois tem que se desfazer deles. Ora, se as pessoas forem consciencializadas para os problemas da criação e que esta deve ser feita de forma muito responsável talvez opiniões destas deixem de existir. Tem-se muito a ideia de que comprar um casal é giro, só que as pessoas não têm a noção de que esse casal cedo irá se multiplicar e de repente ficam com um problema entre mãos. Aliás se comparados com os gatos isso até nem é verdade, pois um gato pode fazer procriação muito mais rapidamente que um porquinho, apenas isso não acontece pois as pessoas têm o devido cuidado a limitar essa procriação através de programas de castramento e esterilização. Daí a necessidade de informar a pessoa que queira ter um porquinho como animal de estimação que o melhor é adquirir dois do mesmo sexo. E sobre estes temas se focaram mais as expressões e opiniões das pessoas que nos visitaram. De realçar que também houve pessoas interessadas em ouvir e aprender novas coisas e informações sobre os nossos pequenos amigos.